VII ENCONTRO NACIONAL DO SECTOR - ANFAJE
Organizado pela ANFAJE, o maior evento nacional do setor reuniu cerca de 150 participantes que puderam testemunhar a partilha de conhecimentos, projetos e ideias sobre o estado atual do setor, tendo em conta o novo Programa Nacional de Habitação (PNH), o parque edificado português e o seu futuro. Mas foi a sustentabilidade que dominou o debate nas duas mesas redondas da manhã, num dia que terminou com a assinatura de dois protocolos de colaboração com dois novos parceiros: Interempresas e APEGAC.
O Hotel Vip Executive Art’s, em Lisboa, recebeu a 4 de maio o VII Encontro Nacional do Sector das Janelas e Fachadas, que este ano teve como mote o tema ‘Mais Habitação, Mais Conforto e Eficiência Energética’. No seu discurso de abertura, João Ferreira Gomes, presidente da ANFAJE, recordou que “continuamos o ano de 2023 sem ter informação de quando sairá o reforço ambicioso do Programa Edifícios Mais Sustentáveis, o qual conta com uma dotação total de 120 Milhões de euros no documento atualizado das medidas do PRR e que urge ver a luz do dia”. No entanto, apesar de todas as incertezas que se vivem no setor e que “temos de continuar a enfrentar”, lembrou João Ferreira Gomes, “é necessário continuar a construir o futuro das nossas empresas e do nosso setor”, que continuará a fazer-se “através do reforço da capacidade das nossas empresas em várias áreas: o reforço da capacidade de inovação nos produtos e nos processos, tendo em conta as novas exigências relativas à sustentabilidade; o reforço da qualificação e requalificação dos trabalhadores das várias áreas das empresas; a retenção e a atração de novos talentos para o setor; o necessário reforço da capacidade de liderança das empresas. Só assim será possível continuar a assegurar a existência de um setor forte e sólido”.
Logo na primeira mesa redonda do dia, dedicada ao “Futuro da construção e eficiência energética na próxima década”, Nelson Lage – Presidente do Conselho de Administração da ADENE – Agência para a Energia, começou por referir que “vivemos tempos desafiantes, não só nos sectores, mas nas instituições. O setor da construção mostrou-se muito resiliente e foi responsável por grande parte das melhorias que se conseguiram nestes últimos anos”, lembrou. Para Nelson Lage, “houve uma evolução muito positiva no que é a abordagem e a importância que se dá à eficiência energética, à eficiência hídrica – que se começou a falar novamente -, às temáticas da economia circular e da sustentabilidade na construção. Nunca como hoje se falou tanto nestes temas e, por isso, o exercício passa por olhar para o que temos, ver como podemos tirar partido do que temos e como melhorar. O caminho tem de ser por aí”.
Eficiência energética
“Temos de consumir menos e melhor”

Tendo em conta a necessidade de construir mais e melhor, João Viegas, do LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, lembrou que “temos de pensar no edifício globalmente, seja a nível de construção nova ou reabilitação, em todos os requisitos que são aplicáveis ao edifício. Sabemos que uma exposição a sul das janelas é particularmente favorável porque temos ganhos térmicos quando o sol está mais baixo (inverno) e se tivermos pala ou sombreamentos adequados podemos evitar esses ganhos térmicos pela insolação direta nos períodos quentes”.
Desafio da transição verde
Já Victor Ferreira, do Cluster Habitat Sustentável, defendeu que “temos de olhar para a sustentabilidade como um valor relativo, que vai mudando com o tempo”, e que há três pilares na sustentabilidade que estão ao mesmo nível: “económico, social e ambiental. É preciso que as soluções, para serem sustentáveis, também sejam competitivas”. Na sua opinião, o que irá marcar a próxima década de 20-30, e até 2050, vai ser “a transição verde, o Green Deal, que vem por via das diretivas e pela sustentabilidade se ter tornado um valor de mercado. Há uma crescente apetência da opinião publica sensível à questão da sustentabilidade”. Para Victor Ferreira, os cadernos de encargos têm de começar a exigir critérios relacionados com a sustentabilidade. “As compras publicas de inovação e compras públicas sustentáveis podem ser o grande motor de transformação para uma maior sustentabilidade, ou seja, os cadernos de encargos assumirem o que pode ser a exigência de uma construção neutra em carbono”.
Produtos santos e pecadores
Para João Viegas, é fundamental juntar numa mesma mesa “investigadores, produtores e utilizadores, ou seja, todas as partes interessadas, e procurar definir as especificações que são relevantes nos produtos. O caminho é procurar normalizar. Formar comissões de normalização para todos falarem numa mesma linguagem. Quando se compra um automóvel temos um manual de instruções, mas ao comprar uma habitação não há um manual e este também é necessário. É um ponto do problema que não podemos escamotear. Boa parte dos consumos energéticos podem ser reduzidos com o uso adequado da unidade habitacional ou o escritório.”
Sessão 3 – O futuro do Vidro
Após as mesas-redondas, Rui Oliveira, da Saint-Gobain Glass, empresa patrocinadora do evento e associada da ANFAJE, tomou a palavra para apresentar as funcionalidades do vidro e as suas tendências nos próximos anos.
Demonstrações práticas e 1°Congresso ASEFAVE
No VII Encontro da ANFAJE, uma das novidades esteve relacionada com duas demonstrações práticas sobre como instalar uma janela eficiente, a cargo da Soudal, que decorreram no final da manhã e durante a pausa para o almoço.
Seguiu-se a apresentação do I Congresso Internacional da Janela, Fachada e Proteção Solar, a cargo de Sónia Ramalho, diretora da revista Novoperfil, que em representação da ASEFAVE (Associação Espanhola de Fabricantes de Fachadas Ligeiras e Janelas) deu a conhecer o evento que irá decorrer em Madrid nos próximos dias 23 e 24 de novembro e que se assume como o grande fórum de debate, promoção e desenvolvimento do setor dos recintos em Espanha: janelas, fachadas leves, fachadas ventiladas, sistemas de proteção solar e seus componentes.
Na intervenção seguinte, Verena Oberrauch, em representação da EuroWindoor (Confederação Europeia de Janelas e Fachadas) abordou os desafios do setor nos próximos anos, na Europa.
Ainda em termos de novidades, Carolina Costa, da ADENE, relevou várias novidades da iniciativa Classe+, como a automatização do diploma do aderente e o melhoramento da plataforma, com novas funcionalidades, além da apresentação da 2ª edição dos Prémios Novoperfil Janelas Eficientes, cujas candidaturas irão arrancar no início de 2024.
A finalizar, Ricardo Carvalho, da empresa proGrow, foi o orador do workshop “Industria 4.0”, apresentando a plataforma IIoT que potencia a produção a maximizar a eficiência operacional da fábrica de uma forma completamente digital.
A sessão de encerramento do VII Encontro ficou marcada pela assinatura de dois Protocolos de Colaboração: um entre a ANFAJE e a APEGAC – Associação Portuguesa de Empresas de Gestão e Administração de Condomínios, e outro com a Interempresas, editora espanhola de revistas como a Novoperfil e O Instalador. Este último protocolo está relacionado com a publicação de um ‘Manual Técnico das Janelas Eficientes’ entre a ANFAJE e a Interempresas, a publicar em 2024.
Reportagem do VII Encontro publicada na edição n.º 13 da revista Novoperfil.
PROGRAMA
Programa do VII Encontro Nacional do Sector disponível aqui.